Josefa Otacília de Santana, nasceu na Fazenda Açude da Queimada Grande no dia 31 de maio de 1941. Filha do sr. Pedro Fagundes e da sra. Josefa Reis. Veio morar na Fazenda Monte Negro em 1961, já casada com o sr. Justiniano Borges que já morava nessa comunidade. Eles tiveram 3 (três) filhos: Joaquim, Zé Borges e Teana.
Começou a
ensinar na primeira escola do Monte Negro que se chamava Escola Municipal Rui
Barbosa, por volta de 1963, que depois passou a ser chamada de Escola Municipal
D. Pedro I. Mas, depois de alguns anos, esta escola por falta de reforma ficou
sem condições de ministrar suas aulas, e então, transferiu suas atividades para
a sua própria casa. Neste novo ambiente ela dava as suas aulas e também fazia a
merenda e colocava água para os alunos.
Uma mulher
forte e de muita personalidade. Forte e de tudo sabia um pouco. Tava sempre
disposta a ajudar a todos. Se precisava ler uma receita médica, uma criança que
nascia, uma pessoa doente, todos diziam vá buscar comadre Leonor, porque ela
era madrinha de quase todos da comunidade. Sabia acomodar a todos como ninguém:
de filhos, sobrinhos, irmãos, amigos. Ela sempre tinha uma palavra de apoio, e
todos confiavam nela. Muito religiosa, confiava muito em Deus e em Nossa
Senhora.
Como
professora, sua vida foi só de alegria. Os alunos queriam muito bem, e a ela
todos amavam, por ela ser uma pessoa que compreendia a todos com amor.
Alfabetizava crianças “Alfa” até de 0 aos três anos, e todos aprendiam a ler e
escrever. Tinha anos que ela teve 40 alunos em sala de aula. Sua história como
professora é bem bonita e grande. Ensinou mais ou menos 30 anos. Pois, por sua
idade e saúde, se afastou da sala de aula no final da década de 90, deixando
saudades a todos.
Ficou viúva,
mas continuou morando no Monte Negro por mais de dezessete anos. Por problemas
de saúde, seu último ano de vida foi na cidade de Fátima, quando lá faleceu em 11
de Outubro de 2017, deixando belas lembranças e saudades a todos aqueles que
conviveram com ela.
Esta é um
pouco de sua história. De quem foi Josefa Otacília ou “Leonor”, ou ainda “tia
Leonor”, como quase todos os chamavam.
Escrito por: Ubiracira Borges de Oliveira “Nora”.
Editado por: José Miguel de Oliveira “Diretor Escolar e Ex-aluno”
Fazenda Monte Negro, Fátima, Bahia,
Nossa escola foi fundada na década de
1960, com o nome de Escola Rui Barbosa,
nome dado pelo Padre Renato Galvão de Cícero Dantas. Anos depois
passou a ser chamada de Escola Municipal D.
Pedro I, o que permaneceu por décadas. No ano de 2018, foi denominada de Escola Municipal Professora Josefa Otacília
de Santana, nome dado em homenagem à primeira professora desta escola e
desta comunidade.
A escola atende atualmente a alunos de diversas
comunidades como: Monte Negro (núcleo),
Mata Escura, Serradinha, Açude, Queimada Grande, São Domingos, Lagoa Cercada e
Varjão (escolas nucleadas). Nestes povoados, existem poucos moradores, e os
que lá residem são bem distantes uns dos outros. São de baixa renda, sua
sobrevivência vem dá agricultura familiar. É do plantio que sustenta sua
família, e dependem do fenômeno da natureza para tirar o seu sustento. Uma das caracteríscas culturais fluente e a
religiosidade, e predomina o catolicismo, e seu padroeiro é o Senhor do Bomfim,
que é comemorado no dia 15 de janeiro nesta comunidade do Monte Negro. Mesmo
tendo essa decadência, essa carência econômica, os jovens costumam-se casar
muito cedo. Casando logo sem nenhuma estrutura, econômica e de escolaridade
baixa, praticamente zero. Casa-se normalmente com pessoas da mesma família ou
até mesmo da própria comunidade, logo engravidam e a escolaridade torna–se
defasado. Não pensam em vida mais confortável, não pensam em se qualificar.
Esse ponto de vista, é para vê se ameniza a pobreza na família, mas onde se
enganam, cada vez mais crescendo o nível de pobreza, ganha apenas para o seu
dia a dia, deixando faltar em outras partes, como por exemplo deixando de
investir na educação, na saúde. No entanto não ameniza nada, apenas se agrava
cada vez mais, porque a família vai aumentando cada vez mais, e as despesas
muito mais, em seus lares.
Nestes povoados, antigamente as
escolas eram em suas casas, em sala improvisada pela própria professora ela
lecionava, limpava a sala, fazia a merenda dos alunos, as cadeiras e mesas, era
sua própria mesa da sua sala do seu uso particular. Não tinham livros adequados
para os alunos, não havia separação de série, era tudo misturado. A professora
não precisava ser qualificada pra lecionar. Ensinar, bastava saber lê e
escrever, muitos deles não sabia ler e nem escrever adequadamente. Mesmo assim
os alunos eram obedientes ao professor, os mesmos conseguiam ser alfabetizados
com sucesso. Contudo, o professor, sendo, em sala de aula, lecionava, limpava,
cozinhava, e fazia parte da direção e coordenação e ainda alfabetizava os
alunos. E não tinha nada de pesquisa, não tinha capacitação, e nem treinamento,
a única fonte de trabalho que tinha era uns livros que ensinava apenas o
alfabeto, contas, escreviam cópias (texto bem grande), o quadro que ali existia
era, o morador que passava cimento em uma parte da parede para escrever com o
giz, que a prefeitura fornecia para o Órgão Municipal de Educação, fazia todas
essas funções, não tinha merenda de qualidade, transporte os alunos não tinham,
eles iam a pé, a cavalo, de bicicleta (quem tinha).
O interesse dos pais eram muito
pouca, muitos deles só se interessavam que os seus filhos ajudassem em suas
casas, na roça, na agricultura. No tempo do plantio a frequência era muito
baixa dos alunos, o aluno se ausentava muito, pois eles iam pra roça no período
da manhã e da tarde ia estudar, não tinha rendimento, porém cansados, exausto
do trabalho braçal, foi onde surgiu a ideia de mudar, o período de férias,
fazendo uma mudança no calendário escolar, colocando as ferias no mês da
colheita.
O Órgão Municipal era uma
instituição, que tomava conta de todas as escolas na zona rural. Era pra lá que
os programas do Estado, o governo do Estado, forneciam os materiais didáticos para
a prefeitura distribuí para os “educadores”, era de lá que os milagrosos
educadores traziam os materiais didáticos, como foi mencionado. Existia uma
supervisora, tipo, fiscal, que era da cidade de Ribeira do Pombal, uma senhora,
denominada Marinalva (...). Essa senhora vinha ao nosso município, mandava e
desmandava nas pessoas que ali trabalhavam no Órgão Municipal.
Mas ao decorrer de alguns anos, a
educação foi se aperfeiçoando, se qualificando, tendo, estudos dos PCNs,
formação continuada, programas do MEC
professores com magistério, concurso público, graduação, e hoje estamos
aí com os nossos alunos, sendo reconhecidos. Logo, surgiu vários tipos de
Bolsas do governo para os alunos, e os responsáveis tomaram gosto pelo o
dinheiro. Perceberam que os alunos, seus filhos teriam que voltar para a escola.
Mas para se beneficiar dessa bolsa era preciso que os alunos, cumprissem
algumas das regras, ou seja, para adquirir esse benefício, o aluno teriam que
cumprir horário, normas pelo governo. Para isso acontecer foi preciso contratar
mais mão de abra, construir mais escolas, nomear direção, para que
inspecionasse esse trabalho, parte burocrática, e qualificando os professores,
foi nomeado o pedagógico, a coordenação para qualificar o professor e ter
acompanhamento nas tarefas de salas, foi instruindo cada vez mais o educador e
o educando. Hoje, estamos aí alunos, apresentados, para outros municípios e até
mesmo estados através de suas oficinas, trabalhos realizados em sala de aulas
com seus professores, sendo até premiados em medalhas, dinheiro e viagens.
O nosso município não é representado
apenas por uma só pessoa da educação, existe uma equipe, uma secretária do
município, onde são nucleadas por varias Escolas, ou seja, umas escolas sendo
nucleadas a outras núcleos escolares, de outras comunidades. Cada núcleo com
sua secretaria interna, nela existindo: diretores, secretários, coordenadores,
porteiros, supervisores, assistentes, zeladores, merendeiras e professores
qualificados, com todo seu potencial. Hoje em nosso município temos alunos em
sala de aula, escola com várias salas, banheiros, cozinha, direção, “biblioteca”,
“sala de vídeo”, almoxarifado, alunos uniformizados, merenda de qualidade,
inspecionado pela nutricionista, transporte escolar, vários programas sendo
exposto para os alunos, acompanhamento médico, enfermeiros, dentistas,
palestras inclusive inserindo os pais. Várias atividades na própria escola que
sugere sugestões dos pais, onde o responsável tem toda a liberdade de ir e vir
na escola, onde seu filho estuda, estes, sendo assistidos por projetos da
Família na escola, dentre outros projetos, ou seja, trabalhando em parceria
discutindo, valorizando, apoiando o futuro do educando.
Educação
não se faz só, se faz em parceria. Essa leitura é o meio capaz de trazer liberdade e realização ao
ser humano, tornando-o um cidadão crítico para atuar na sociedade em que vive.
A escola, por sua vez, é a instituição responsável pelo aprendizado da leitura,
envolvendo
também, proporcionar uma educação cidadã, em que o educando ultrapasse os
limites
não
se lê só, se lê compartilhado(...). O aluno hoje pode falar ao público, ele
pode dá idéias, opinar, sugerir, aceitar, respeitar, discordar, deveres e
direitos. Segundo o professor Celso Antunes.
“O verdadeiro professor jamais
ensina, desafia o aluno a buscar
respostas e transferi-las para a vida.”
O aluno terá que aprender a conhecer o mundo que
rodeia, para adquirir cultura. Ter a capacidade de comunicar-se, gerir e
resolver problemas, estar apto a enfrentar situações. Desenvolver suas
dimensões éticas, estéticas, valores e atitudes e conhecimentos.
É esse tipo de aluno que nós
temos no nosso município de Fátima, com essas qualidades. Não há
aprendizagem mais difícil que manter a coragem, renovar-se a cada dia e buscar
entusiasmo nos desafio de cada dia.
Trabalho realizado pela
professora
Renilda e seus alunos em 2019.
Nenhum comentário:
Postar um comentário